quinta-feira, 31 de março de 2011

Influência positiva!

A beleza da vida consiste na diversidade!
Esta frase é muito verdadeira e nos motiva a enfrentar os desafios que a vida nos impõe.
Chateada com a falta de acessibilidade em Brasília, a frustração de não ter visto a maquete no espaço Lúcio Costa, ter impressa na mente, registrar a foto com a minha visão, o ângulo escolhido por mim fazia toda a diferença.
A indignação e, até, de uma certa “raiva” com a ausência de responsabilidade e respeito, da parte dos “homens públicos”, ainda estava latejante em minha mente, quando a tal da diversidade entrou em cena, novamente, e eis que o ânimo entrou em ação.
Recebi uma ligação de uma pessoa que conheci no VI Fórum Municipal da Pessoa com Deficiência, em Presidente Prudente, o professor de Educação Física para Pessoa com Deficiência, da UNESP- Universidade Estadual Paulista, professor Manoel Osmar Seabra Jr, convidando-me, para participar de um bate-papo com os alunos do 4º ano, para discutirmos sobre as possibilidades da pessoa com deficiência, acessibilidade e inclusão.
Participar de reuniões, como essa, conhecer e dividir experiências, discutir projetos com pessoas interessadas em entender, melhor, esse universo, para trabalhar a favor dele, é muito importante, pode parecer um trabalho de formiguinha em meio a tantas dificuldades que envolve a inclusão, mas não é.
Para que minha participação, junto ao professor Seabra e seus alunos, não fique restrita a esse bate-papo, sugiro que comecemos uma campanha, para melhorar a acessibilidade, já na própria instituição, que, para entrar na sala, precisei de ajuda, porque é mais alta que o piso externo.
E temos todos os motivos para solicitar essa mudança de imediato, pois a Universidade tem um aluno cadeirante no mesmo curso. O atleta da Seleção Brasileira de Basquete Sobre rodas, Renato Ciabattari, que merece todo o respeito e cuidado, para não sofrer lesões, como todos os atletas, e a falta de acessibilidade consiste nisto também.
Confesso que, em vários momentos da reunião, segurei a emoção, porque pude sentir, no fundo do meu coração e com muita esperança de que nosso “trabalho de formiguinha’ está chegando ao objetivo, que sairão, daquela sala, profissionais decididos a botarem, em prática, tudo que foi discutido. Desse modo,com sua dedicação, evitarão que as próximas gerações não sofram a exclusão, com a vontade de participar das aulas de educação física e ser dispensados das mesmas, ou ficar olhando-as de longe, (como já aconteceu comigo). Simplesmente, porque os professores não sabiam como agir.
Acabava indo embora para casa, frustrada, ou, por muitas vezes, assistindo a essas aulas de longe, com uma vontade danada de jogar bola com eles...
Mas os dias são outros! Olhemos para o futuro! O que passou serve de exemplo sobre como a sociedade deve enxergar as diferenças e mudar sua forma de pensar e agir.
Disse o sensacional Jairo Marques, chefe de reportagem da Folha, a quem eu admiro muito e em quem me espelho: “O lance é reclamar, bater bumbo, marcar território.”
Agradeço ao professor Seabra, por empenhar-se com tanta verdade e esperança de promover a igualdade do ir e vir, tornando sua existência e influência positivas!

Alunos do 4º ano Ed.Física e prof Seabra(Unesp)

Professor Seabra

quinta-feira, 24 de março de 2011

O Exemplo da capital federal

E eu que achava que Presidente Prudente estava longe de ser um lugar acessível. Andando (ou, melhor, rodando) pelas ruas de Brasília, descobri que está muito pior. Na primeira semana em que lá cheguei, fiz aquele tradicional passeio nos shoppings da cidade, que, apesar das boas promoções, não tem nada de diferente dos demais. Aliás, de todos a que já fui, lá foi o pior em acessibilidade, elevadores abarrotados de pessoas que poderiam usar as escadas rolantes, mas não o fazem. Eu e um casal com uma criança no carrinho estávamos no terceiro andar, ficamos mais de 45 minutos esperando, para entrar. Falamos com o segurança para, quando o elevador parasse ali, que pedisse que alguns saíssem, que fossem pela escada. Mas ele se negou, dizendo que não era função dele. De quem era, então, minha?
Então tá! Foi o que fiz. Quando parou, novamente, no nosso andar, pedi que dessem lugar para mim e o casal com o carrinho de bebê e que existia a escada rolante para eles.
Nas semanas que seguiram, saí para outros lugares, com os parentes que moram lá. Aí, sim, fui conhecer, melhor, Brasília. Acredito que, quando Oscar Niemeyer projetou construções com toda a sua exuberância arquitetônica e suas famosas curvas, acessibilidade foi algo que nem passou por sua mente.
Ok,ok! É justificável, afinal, há 51 anos, deficientes eram, mesmo, “uma lenda”, quase todos ficavam dentro das tocas.
Fomos à exuberante Catedral, mas, para entrar, deparei-me com uma rampa íngreme demais e, para piorar, já quase no final dela, existe uma espécie de trilho de um portão, que é alto e o cadeirante, sozinho, terá que empinar a cadeira (habilidade essa que nem todos possuem), para passar por ele. Até mesmo meu primo, que não tem deficiência física alguma, tropeçou nele.
O curioso é que esses parentes não tinham percebido a falta de acessibilidade na cidade. Saindo da catedral, fomos ao espaço Lúcio Costa, para eu ver a maquete da cidade. Chegando lá, deram-se conta da impossibilidade da entrada de um cadeirante. Assim sendo, a única coisa que meus olhos avistaram foi uma escadaria gigantesca, pois o espaço é subterrâneo e o único acesso é por ela.
Guias rebaixadas são raras, em alguns lugares, existem “rampas,” que, na verdade, deveriam ser chamadas de “remendo de guia” ou “engana trouxa.”
Saí, também, com um grupo de cadeirantes, que estavam no centro de reabilitação. Fomos a um bar próximo dali, mas o caminho era terrível, com calçadas mal conservadas, sem faixa de pedestres, motoristas correndo demais, pois não existia semáforo em nenhum trecho que percorremos. E isto logo ali, próximo de um centro de referência mundial, pela competência e excelência na medicina de reabilitação.
Mas a realidade, hoje, é outra. E muito! Estamos cada vez mais presentes na sociedade, as mudanças se fazem necessárias e com urgência.
Se os principais órgãos da administração dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário federais, que elaboram, votam e aprovam as leis, estão sediados na capital do país, um local com um défict grave de acessibilidade, os que aprovam as leis não as fazem valer no ambiente em que vivem, todavia mantêm seus salários. O que esperar no restante do país?
A solução é sairmos, mesmo, de dentro de casa e exigir o cumprimento da lei. Afinal, se cumprimos nossos deveres, podemos, sim, exigir nossos direitos.
Em nosso caso: Esperar sentados, sim, mas calados, nunca mais!!!!







quinta-feira, 10 de março de 2011

Medicina de excelência e gratuita é possível!

Olá pessoal,ausentei-me por um tempo, pois me estava preparando para uma internação, por um período considerável (de 31/01 a 01/03/2011), em Brasília.
A experiência foi maravilhosa e vou compartilhá-la com vocês em alguns textos, o que não será possível num só.
Peço-lhes desculpas pela minha ausência e, desde já, agradeço aos leitores pela sua compreensão.

CENTRO INTERNACIONAL DE NEUROCIÊNCIAS E REABILITAÇÃO
“ Esse espaço de concreto, aço e vidro existe para qualquer ser humano, rico ou pobre, ser atendido com dignidade e competência, de modo rigorosamente gratuito e igualitário. Nenhum serviço que aqui se realiza, pode ser cobrado.
Caso você perceba a mínima tentativa de violação desse princípio fundamental, saiba que esse espaço de entrega e de amor ao próximo terá sido corrompido. Logo, não hesite, proteste!
Não permita a violação do seu direito de cidadania.Todos os que aqui trabalham, como verdadeiros servidores públicos, devem retornar a você, em serviços qualificados, o imposto que você paga como cidadão, independente de sua condição social ou econômica.
Este é o princípio maior dessa instituição.”

Estas foram as primeiras palavras que li, ao entrar na sala de atendimento da Rede Sarah- Lago Norte, achei interessante, palavras que nos proporcionam uma segurança, principalmente para quem está chegando pela primeira vez.

Vou copiar, aqui, a definição do que é a Rede Sarah:
“Rede SARAH de Hospitais de Reabilitação é constituída por nove unidades hospitalares, localizadas em Brasília (DF), com um hospital e um Centro Internacional de Neurociências e Reabilitação, Salvador (BA), São Luís (MA), Belo Horizonte (MG), Fortaleza (CE) e Rio de Janeiro (RJ), Macapá (AP) e Belém (PA).
Cada hospital da Rede representa um espaço para reprodução e aperfeiçoamento dos princípios, conceitos e técnicas consolidados, ao longo do tempo, pelo SARAH-Brasília.Os conceitos agregados e aplicados, no cotidiano, pelos profissionais que atuam aqui transformaram o SARAH em centro de referência nacional e internacional.
Os hospitais da Rede caracterizam-se por uma cuidadosa integração de sua concepção arquitetônica aos princípios de organização do trabalho e aos diferentes programas de reabilitação, definidos conforme os indicadores epidemiológicos da região em que cada unidade está inserida. Dessa integração, resultam, por exemplo, os amplos espaços dos hospitais SARAH, com seus solários e jardins, buscando, sempre, a humanização do ambiente hospitalar e as enfermarias coletivas, com o sistema de "assistência progressiva", com aproveitamento ótimo dos recursos disponíveis. Este sistema, pela primeira vez implantado no Brasil, data das origens do Projeto, caracterizando-se pela possibilidade de manter o paciente em locais de maior ou menor concentração de recursos humanos e materiais. Surgiu, desse conceito, a criação do "Primeiro Estágio" onde permanecem os doentes que necessitam de cuidados intensivos e frequentes, com a característica de permitir a presença de seus familiares.
Os ambientes foram cuidadosamente preparados para os pacientes das diversas especialidades médicas e terapêuticas, com piscinas, ginásios para fisioterapia, unidades de exames complementares ao diagnóstico, blocos de serviços operacionais, entre vários outros espaços.
Os hospitais da Rede SARAH estão interligados por tecnologias de telecomunicação desde 1997. Diagnósticos de patologias, casos e exames podem ser discutidos conjuntamente, em tempo real, por meio de vídeo-conferência, pelas equipes das diversas unidades, multiplicando o potencial e o conhecimento do staff. Também se podem consultar todos os prontuários, que são eletrônicos (informatizados), de qualquer outra unidade, promovendo o mesmo nível de qualidade de atendimento em toda a Rede e permitindo permanentes interconsultas e programas de atualização.”
Ler estas palavras, ouvir as pessoas que ali passaram meses, reabilitando-se , contarem, com entusiasmo, a respeito da organização, qualidade do Sarah causa curiosidade em saber mais. Mas estar lá, conviver com essa realidade é quase que uma “magia”, a integração das equipes extremamente cuidadosas e dedicadas aos seus pacientes, atenção que vai além das formalidades de normas e princípios de profissionais, atenção voltada ao ser humano como um todo, investimento no potencial, no melhor de cada indivíduo que começa a encontrar uma nova realidade, um verdadeiro processo de readaptar-se e reabilitar-se.
Pensando em tudo que vivi ali, em todos os casos que conheci, pessoas com histórias fantásticas de reabilitação, de afinidade com pessoas que não fazem parte da equipe médica, pesquisadores,enfermeiras... mas também de outros setores que trabalham com o mesmo afinco, como o pessoal do refeitório, segurança, limpeza, tudo funciona de forma extraordinária... perguntar carece:
Se, na Rede Sarah, existe o ousado avanço na medicina pública e funciona perfeitamente, por que os outros hospitais brasileiros não seguem a mesma linha de competência?
Dr. Aloysio Campos da Paz Junior, mostrou que fazer uma medicina de excelência e gratuita é possível! O que falta então?