quinta-feira, 26 de novembro de 2009

O Valor da Vida Humana

O ser humano nasce limitado, com o período de vida útil, com prazo de validade. Muitos não percebem essa realidade, pensam ter um poder ilimitado.
Quando perdemos, de alguma forma, nossas habilidades naturais e necessitamos de auxílio para realizar nossas atividades, quer seja uma situação temporária ou não, é que percebemos que nosso poder de autossuficiência é totalmente ilusório. É nesse instante que percebemos, com clareza, que nossa vida é frágil, suscetível a várias mudanças.
Essa limitação devia restringir-se ao físico, deixando a mente ou espírito imune à degeneração. Mas não é bem isto que ocorre. Quantas e quantas vezes nos deparamos com corpos “perfeitos” e mentes deficientes de espíritos inválidos!
E muitas vezes nos deparamos com mentes privilegiadas, espíritos elevados na bondade, na ética e praticantes daquilo que, por milênios, nos foi ensinado: O amor ao próximo, em físicos deficientes.
Então por quê a humanidade é tão discriminatória e age de forma hesitante, quando se trata de um deficiente físico, se, enquanto corpos, somos finitos e só o espírito permanece?
A arte é uma das formas mais puras de representação do espírito e permanece além da efêmera vida do corpo físico. Como exemplo disto, temos Beethoven. Quem não se emociona, ao ouvi-lo? Considerado uns dos grandes gênios de nossa história, não permitiu que a surdez e a ignorância do preconceito abafassem seu imenso talento.
O preconceito para com a deficiência física ocorre, porque ela incomoda, é visível, constrange alguns, enquanto o deficiente de espírito, o aleijado moral não têm “defeito aparente”, são considerados mais valorosos, o que é um grande engano, pois muitas vezes denigrem a espécie humana.
Minha deficiência me proporcionou uma lição que deveria ser aplicada na vida de todas as pessoas: a descoberta do imenso potencial humano, da valentia e do destemor, com que devemos manter a luz acesa, o espírito aberto e criativo, bem como exercer a maior de todas as artes: viver com dignidade!

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Turma da Febeca

Turma da Febeca - Trata-se de um projeto de HQ, onde os protagonistas são deficientes ou com alguma patologia, que conta o dia-a-dia de crianças e adolescentes em fase escolar e cuja deficiência ou patologia não as diferencia das outras. Há meninas levadas, teimosas, animadas, comportadas, que fazem muitas estripulias. Todavia, não deixam de viver situação alguma por estar numa cadeira de rodas ou usando muletas ou próteses...

O autor do projeto, Victor Klier, desde criança gostava de criar personagens. Morava num sítio (no interior do RJ) e, nessa época, já transformava os animais que lá viviam em personagens e histórias. Após o falecimento de seu pai, ele e sua mãe foram morar na capital e lá começou a fazer cursos de desenhos, entre outros. Aos 20 anos, foi trabalhar na equipe do cartunista Ziraldo, onde aprendeu a escrever para o publico infantil, que já era seu dom natural. Ao contrário da maioria, com um currículo já enriquecido de experiências, aos 25 anos entrou na faculdade, formou-se em jornalismo, trabalhou em publicidade, com produções de cinema e teatro. Escreve textos, para montar uma peça futuramente, onde fala sobre o amor platônico, a dramaticidade de um homem solteiro que se sabota em todas as situações amorosas, profissionais e se esconde por trás de um personagem que criou, para viver.Dentre tantas atividades, o que predomina são as HQs. Apesar de ser desenhista, atua como roteirista de publicações de Ziraldo e outros autores. Victor tem várias criações ainda não publicadas. A mais divulgada atualmente, o projeto Turma da Febeca, começou com o desejo de criar algo diferente. Foi quando ele teve a idéia de criar um personagem cadeirante, a Fernanda, inicialmente criada para outro autor, com papel secundário dentro da turma. Acabou não lhe dando andamento, por divergências ideológicas. Porém, ele não desistiu e resolveu dar continuidade a sua idéia. Para tanto, em 2006 resolveu estudar mais sobre o assunto, passou a pesquisar, na Internet, meninas com deficiência, que tivessem o perfil da personagem e estivessem em fase escolar. A primeira que conheceu coincidiu com o nome da personagem que havia criado, Fernanda. Mais tarde, entrou em contato com Rebeca, para não haver problema com o projeto criado para o outro autor. Victor quis aproveitar o personagem, mas mudou o nome e pensou em unir o nome das duas meninas que conheceu, Fernanda Willeman e Rebeca Shenem. Assim nasceu Febeca. Ficou em dúvida quanto ao nome, mas numa conversa com a atriz Paloma Duarte, que conheceu seu projeto, a estrela gostou muito do nome e sugeriu que o mantivesse. As pesquisas foram-se estendendo, pois entrevistar as meninas fez com que Victor percebesse que o objetivo maior dos jovens deficientes era ser retratados de forma normal, sem o tão usual termo “politicamente correto”; quando o assunto eram questões como essas; queriam ver-se em situações pelas quais e qualquer criança ou adolescente passa, como aprontar travessuras, levar bronca na escola, sair, brincar e ter amigos que hajam com naturalidade diante de sua deficiência, fugindo daquela tradicional e errônea idéia de que o deficiente merece olhares de pena; e aquela famosa frase “oh coitadinho, tão bonitinho e desse jeito”.Não gostamos disto, não é porque estamos numa cadeira de rodas, usando uma muletinha básica ou prótese, que devemos ouvir frases como estas. Nós produzimos, pensamos e por vezes nos destacamos nos estudos, trabalho, conseguimos feitos maiores que daqueles não chamados de “coitadinhos”, os ditos “normais”, que aparentemente levam uma vida de grandes vitórias.
Victor, foi capaz de enxergar este lado, que por muitos passa desapercebido, na maioria dos casos, pela má informação, que é a mãe da ignorância e do preconceito.
Como resultado das pesquisas e entrevistas com diversas meninas, Victor foi descobrindo (ao contrário do que ele imaginava) que eram diversas as deficiências e motivos por alguém estar numa cadeira de rodas. Assim, o projeto que iniciou com um personagem, cresceu e hoje conta com dez meninas, duas com lesão medular (a paraplégica Febeca e a Tetraplégica Nenê), duas com paralisia cerebral (Mila, que é quadriplégica, cadeirante e caminha com ajuda de alguém segurando em seu quadril, e a Ana, que caminha com ajuda de muletas e tem um comprometimento na fala); uma amputada (Tati), uma anã (Polin), uma cega (Iara), uma com câncer (Jana), uma com amiotrofia espinhal (Lara) e uma com síndrome de down (Lili). Conta, ainda, com cinco meninos: o Cuca, que tem diabetes; Dudu, que tem TOC; Lolo, que é surdo; Beto, que tem HIV; e Fabinho, que é autista.

Em parceria com o estúdio de criação Megatério, do RJ, Victor vem trabalhando seu projeto desde 2006, contando com apoio de alguns artistas, ganhando destaque em jornais locais, nas regiões onde moram as meninas que o ajudaram. Mas a primeira participação efetiva e oficial da Turma da Febeca aconteceu somente em maio de 2009, uma importante parceria com a TV Assembléia canal 16 NET, de Porto Alegre-RS, no programa Faça a Diferença, que promove os direitos humanos e o respeito à diversidade, que contará com uma vinheta de abertura e cartoons relacionados à entrevista, dentro do quadro Tocando a Vida – Com a Turma da Febeca, apresentado por Juliana Carvalho e Camila Nunes.
Graças a essa parceria, o projeto ficou conhecido no estado do Rio Grande do Sul, gerando uma outra parceria, após contato com o secretário Tarcízio Teixeira Cardoso da Secretaria Especial de Acessibilidade e Inclusão Social, de Porto Alegre, com cartilhas educativas, sendo o lançamento na feira do livro na capital gaucha, no dia 06/11/2009, divulgação com a qual espera-se abrir portas para o projeto em outros meios de comunicação, agora também com uma página de historinha publicada em cada edição da Revista Sentidos (Editora Escala) . Também em andamento com o estado do RJ e mais dois estados.

Conheça os personagens








Conheça, também, um pouco de cada uma das "Meninas do projeto" que colaboraram com Victor e o inspiraram a realizar o projeto com mais realidade.












Finalizo com uma frase que Janynha sempre usou: "Lutar sempre, vencer, se possível, desistir Jamais!"


Montagen das fotos http://www.stetnet.com.br/puglisi/