O ser humano nasce limitado, com o período de vida útil, com prazo de validade. Muitos não percebem essa realidade, pensam ter um poder ilimitado.
Quando perdemos, de alguma forma, nossas habilidades naturais e necessitamos de auxílio para realizar nossas atividades, quer seja uma situação temporária ou não, é que percebemos que nosso poder de autossuficiência é totalmente ilusório. É nesse instante que percebemos, com clareza, que nossa vida é frágil, suscetível a várias mudanças.
Essa limitação devia restringir-se ao físico, deixando a mente ou espírito imune à degeneração. Mas não é bem isto que ocorre. Quantas e quantas vezes nos deparamos com corpos “perfeitos” e mentes deficientes de espíritos inválidos!
E muitas vezes nos deparamos com mentes privilegiadas, espíritos elevados na bondade, na ética e praticantes daquilo que, por milênios, nos foi ensinado: O amor ao próximo, em físicos deficientes.
Então por quê a humanidade é tão discriminatória e age de forma hesitante, quando se trata de um deficiente físico, se, enquanto corpos, somos finitos e só o espírito permanece?
A arte é uma das formas mais puras de representação do espírito e permanece além da efêmera vida do corpo físico. Como exemplo disto, temos Beethoven. Quem não se emociona, ao ouvi-lo? Considerado uns dos grandes gênios de nossa história, não permitiu que a surdez e a ignorância do preconceito abafassem seu imenso talento.
O preconceito para com a deficiência física ocorre, porque ela incomoda, é visível, constrange alguns, enquanto o deficiente de espírito, o aleijado moral não têm “defeito aparente”, são considerados mais valorosos, o que é um grande engano, pois muitas vezes denigrem a espécie humana.
Minha deficiência me proporcionou uma lição que deveria ser aplicada na vida de todas as pessoas: a descoberta do imenso potencial humano, da valentia e do destemor, com que devemos manter a luz acesa, o espírito aberto e criativo, bem como exercer a maior de todas as artes: viver com dignidade!