quinta-feira, 30 de junho de 2011

E lá vem o mito da Paralisia Cerebral.

O termo paralisia cerebral (PC) é usado para definir qualquer desordem caracterizada por alteração do movimento secundário, caracterizado por uma lesão não progressiva do cérebro em desenvolvimento.
O cérebro comanda as funções do corpo. Cada área sua é responsável por uma determinada função, como os movimentos dos braços e das pernas, a visão, a audição e a inteligência. Uma criança com PC pode apresentar alterações que variam desde leve falta de coordenacão dos movimentos ou uma maneira diferente, para andar, até a inabilidade para segurar um objeto, falar ou deglutir.
O desenvolvimento do cérebro tem início logo após a concepção e continua após o nascimento. Ocorrendo qualquer fator agressivo ao tecido cerebral antes, durante ou após o parto, as áreas mais atingidas terão a função prejudicada e, dependendo da importância da agressão, certas alterações serão permanentes, caracterizando uma lesão não progressiva.”  (Fonte: Rede Sarah Kubistchek).
No meu caso, como já expliquei em vários textos, minha dificuldade ocorre nos movimentos finos, como escrever com lápis, cortar alimentos com faca... e no andar, quando sou muito, muito lenta e descoordenada.
Mas o engraçado é que, quando é visível minha dificuldade, e é somente física, o cognitivo e a fala foram preservados. Mesmo assim, algumas pessoas assustam-se, quando lhes digo o  “nome” que define minha deficiência, uma reação de espanto, onde entra aquela clássica dúvida: “Meu Deus, onde me estou metendo? Será que essa paralisia é genética, é progressiva, será que a qualquer momento ela poderá ter um surto psicótico? Será que ela vai conseguir entender tudo que vou dizer?
Isto ocorre, quando existem pessoas que ainda se dão o benefício da dúvida, que é direito de todos, quando estão diante de uma situação desconhecida. Ruim, mesmo, são aquelas que já determinam que não entendo nada, dirigem-se a quem me está acompanhando, para perguntar-lhe algo ou, se   perguntam a mim, usam a linguagem “fofinha”, que, por muitas vezes, nem criancinhas de cinco anos suportam.
Dois casos engraçados ficaram marcados. O primeiro foi com a apresentadora de um telejornal, do qual participei, para divulgar a parceria de um projeto de inclusão com um programa da mesma emissora. Ela sabia que ia entrevistar uma jovem com deficiência, que participa de vários projetos de inclusão e que acabara de ingressar na universidade, para cursar jornalismo. Maravilha!!! Até que recebeu mais informação e ficou sabendo que tenho PC. A pergunta imediata foi: "Nossa, ela vai entrar de maca? Ela vai conseguir comunicar-se? O que farei, quando ela entrar? Como a entrevistarei?"
Aí chegou o momento que mais adoro, a hora de desbancar a inimiga nº 1 de todas as pessoas com deficiência e a principal fonte do preconceito, neste caso, a má informação. Quando fomos apresentadas e ao longo da entrevista, senti que sua insegurança e incerteza foram desaparecendo, até que, ao final, ela me disse que fazia outra ideia de Paralisia Cerebral e me agradeceu,  por tê-la esclarecido, mesmo que indiretamente, esta questão.
O segundo caso foi o mais cômico ou trágico, dependendo do ponto de vista. Conheci um garoto, paixão à primeira olhada, literalmente. Saímos, conversamos muito. Três dias depois de total romance, eis a pergunta: Cáh, por que você está na cadeira de rodas, foi acidente?
Respondi-lhe: Não! Tenho paralisia cerebral, que afetou minha coordenação motora.
Pronto! Fiquei solteira novamente. Só essa palavra bastou para que ele se assustasse.
Se você cruzar com alguma pessoa com PC por aí, não fuja, pois, mesmo nos casos mais complicados, é possível manter-se a comunicação. Somos PCs e não ETs .
Informe-se, mais, sobre os tipos de PCs, acessando o site do Centro de reabilitação Sarah Kubitscheck.

3 comentários:

  1. Ai Camila, só vc mesmo viu. Me divirto com suas histórias, até imagino quem fugiu da sua PC kkkkkkkk
    Vc precisa contar aquela do enfermeiro la no hospital, que invocou com voce no quarto, sujeito preconceituoso do car... Ahh e a enfermeira que te viu no corredor e achou que vc era a paciente, não a visita kkkkkkkkkk
    Camila, sua vida dá um livro com todos os conteudos, drama, comédia, aventura.
    Adoro

    Beijo

    ResponderExcluir
  2. Cáhh vi a entrevista que voce comentou no texto, arrazou! tem que postar no youtube menina.
    E o menino que se assustou com a denominação da sua def é um tremendo dum babaca, sei que vc levou na brincadeira porque te conheço bem e sei que é muito bem resolvida. Mas pensa, se ele não tivesse conversado com voce antes, tudo bem podia até imaginar coisa diferente, mas te conhecendo pow, é um tonto... hehe
    Como disse a Marcela aí em cima, voce tem cada história, hein? kkkk

    Obs: Solteira porque quer, to sabendo já, viu
    uhhh
    BjO

    ResponderExcluir
  3. Oi Camila
    mais um brilhante e genial texto seu.
    O que descreve no texto acontece sempre comigo. Outro dia na academia que frequento uma colega perguntou se eu tinha tido derrame, respondi que não, na verdade tinha paralisia cerebral, ela exitou em acreditar precisou meu instrutor confirmar.

    CONCORDO COM VOCE, "SOMOS PCS E NÃO ET´S"

    ResponderExcluir