Ultimamente, temos convivido com muitas notícias terríveis, carregadas de barbárie. E o mais assustador é que alguns dos muitos casos são cometidos pelos próprios pais. A pessoa que deveria ser a imagem de proteção e segurança para uma criança comete crimes aterrorizantes, com requintes de crueldade, contra esses seres indefesos.
Tamanho é o bombardeio diário da mídia em cima dessas notícias, que nos acabamos adaptando a elas e aprendendo a conviver com certa naturalidade e até de maneira alienada.
Fico-me perguntando: Onde está e em que momento se perdeu o “amor natural” que serviria como referência entre os sentimentos mais nobres, dentre todas as formas de amor incondicional?
São perguntas que se calam dentro de mim, sem respostas ou pelo menos que cheguem perto de alguma razão aparente, dentro dos delírios da mente humana, que justifiquem tamanha loucura.
Foi num desses meus questionamentos que acabei me deparando com a história de Dick e Rick Hoyt, que hoje divido com você e que, em meio a esse lamaçal, vem provar, mais uma vez, que, enquanto alguns cometem atos de extrema crueldade e desumanidade, outros se dedicam, de forma visceral, aos mesmos, fazendo-nos crer no caráter humano e em atos de amor, que justificam a razão de sermos chamados de GENTE!!!!
O texto original foi publicado em inglês na Sports Illustrated e é de autoria de Rick Reilly.
Tamanho é o bombardeio diário da mídia em cima dessas notícias, que nos acabamos adaptando a elas e aprendendo a conviver com certa naturalidade e até de maneira alienada.
Fico-me perguntando: Onde está e em que momento se perdeu o “amor natural” que serviria como referência entre os sentimentos mais nobres, dentre todas as formas de amor incondicional?
São perguntas que se calam dentro de mim, sem respostas ou pelo menos que cheguem perto de alguma razão aparente, dentro dos delírios da mente humana, que justifiquem tamanha loucura.
Foi num desses meus questionamentos que acabei me deparando com a história de Dick e Rick Hoyt, que hoje divido com você e que, em meio a esse lamaçal, vem provar, mais uma vez, que, enquanto alguns cometem atos de extrema crueldade e desumanidade, outros se dedicam, de forma visceral, aos mesmos, fazendo-nos crer no caráter humano e em atos de amor, que justificam a razão de sermos chamados de GENTE!!!!
O texto original foi publicado em inglês na Sports Illustrated e é de autoria de Rick Reilly.
O pai mais forte do mundo
Oitenta e cinco vezes Dick Hoyt empurrou seu filho deficiente, Rick, por 42 quilômetros em maratonas. Oitenta vezes ele não só empurrou seu filho os 42 quilômetros em uma cadeira de rodas, mas também o rebocou por quatro quilômetros em um barquinho enquanto nadava e pedalou 180 quilômetros com ele sentado em um banco no guidão da bicicleta tudo isso em um mesmo dia.
Dick também o levou em corridas de esqui, escalou montanhas com ele às costas e chegou a atravessar os Estados Unidos rebocando-o com uma bicicleta. E o que Rick fez por seu pai? Não muito exceto salvar sua vida.
Esta história de amor começou em Winchester, nos EUA, há 43 anos quando Rick foi estrangulado pelo cordão umbilical durante o parto, ficando com uma lesão cerebral e incapacitado de controlar os membros do corpo.
-Ele irá vegetar pelo resto da vida - disse o médico para Dick e sua esposa Judy quando Rick tinha nove meses.
- Vocês devem interná-lo em uma instituição.
Mas o casal não acreditou. Eles repararam como os olhos de Rick seguiam os dois pelo quarto. Quando Rick fez 11 anos eles o levaram ao departamento de engenharia da Tufts University e perguntaram se havia algum jeito do garoto se comunicar.
- Jeito nenhum - disseram a Dick - Seu cérebro não tem atividade alguma.
- Conte uma piada para ele - Dick desafiou. Eles contaram e Rick riu. Na verdade tinha muita coisa acontecendo no cérebro de Rick.
Usando um computador adaptado para ele poder controlar o cursor tocando com a cabeça um botão no encosto de sua cadeira, Rick finalmente foi capaz de se comunicar. Primeiras palavras? "Go Bruins!", o grito da torcida dos times da Universidade da Califórnia.
Depois que um estudante ficou paralítico em um acidente e a escola decidiu organizar uma corrida para levantar fundos para ele, Rick digitou: "Papai, quero participar".
Isso mesmo. Como poderia Dick, que se considerava a si mesmo um "leitão", que nunca tinha corrido mais que um quilômetro de cada vez, empurrar seu filho por oito quilômetros? Mesmo assim ele tentou.
- Daquela vez eu fui o inválido - lembra Dick - Fiquei com dores durante duas semanas.
Aquilo mudou a vida de Rick. Ele digitou em seu computador:
- Papai, quando você corria eu me sentia como se não fosse mais portador de deficiências.
O que Rick disse mudou a vida de Dick. Ele ficou obcecado por dar a Rick essa sensação quantas vezes pudesse. Começou a se dedicar tanto para entrar em forma que ele e Rick estavam prontos para tentar a Maratona de Boston em 1979.
- Impossível! - disse um dos organizadores da corrida.
Pai e filho não eram um só corredor e também não se enquadravam na categoria dos corredores em cadeira de rodas. Durante alguns anos Dick e Rick simplesmente entraram na multidão e correram de qualquer jeito. Finalmente encontraram uma forma de entrar oficialmente na corrida: Em 1983 eles correram tanto em outra maratona que seu tempo permitia qualificá-los para participar da maratona de Boston no ano seguinte.
Depois alguém sugeriu que tentassem um Triatlon. Como poderia alguém que nunca soube nadar e não andava de bicicleta desde os seis anos de idade rebocar seu filho de 50 quilos em um triatlon? Mesmo assim Dick tentou.
Hoje ele já participou de 212 triatlons, inclusive quatro cansativos Ironmans de 15 horas no Havaí. Deve ser demais alguém nos seus 25 anos de idade ser ultrapassado por um velho rebocando um adulto em um barquinho, você não acha? Então por que Dick não competia sozinho?
- De jeito nenhum - ele diz. Dick faz isso apenas pela sensação que Rick pode ter e demonstrar com seu grande sorriso enquanto correm, nadam e pedalam juntos.
Este ano, aos 65 e 43 anos de idade respectivamente, Dick e Rick completaram a 24a. Maratona de Boston na posição 5.083 entre mais de 20 mil participantes. Seu melhor tempo? Duas horas e 40 minutos em 1992, apenas 35 minutos mais que o recorde mundial que, caso você não saiba, foi batido por um homem que não empurrava ninguém numa cadeira de rodas enquanto corria.
- Não há dúvida - digita Dick - Meu pai é o Pai do Século.
E Dick também ganhou algo com isso. Há dois anos ele teve um leve ataque cardíaco durante uma corrida. Os médicos descobriram que uma de suas artérias estava 95% entupida. Os médicos disseram que se ele não tivesse se dedicado para entrar em forma é provável que já teria morrido uns 15 anos antes. De certa forma Dick e Rick salvaram a vida um do outro.
Rick, que hoje tem seu próprio apartamento (ele recebe cuidados médicos) e trabalha em Boston, e Dick, que se aposentou do exército e mora em Holland, Massachussets, sempre acham um jeito de ficarem juntos. Eles fazem palestras em todo o país e participam de alguma cansativa corrida nos finais de semana.
No próximo Dia dos Pais Rick irá pagar um jantar para seu pai, mas o que ele deseja mesmo poder fazer é um presente que ninguém poderia comprar.
- Eu gostaria - digita Rick - de um dia poder empurrar meu pai na cadeira pelo menos uma vez.
Oitenta e cinco vezes Dick Hoyt empurrou seu filho deficiente, Rick, por 42 quilômetros em maratonas. Oitenta vezes ele não só empurrou seu filho os 42 quilômetros em uma cadeira de rodas, mas também o rebocou por quatro quilômetros em um barquinho enquanto nadava e pedalou 180 quilômetros com ele sentado em um banco no guidão da bicicleta tudo isso em um mesmo dia.
Dick também o levou em corridas de esqui, escalou montanhas com ele às costas e chegou a atravessar os Estados Unidos rebocando-o com uma bicicleta. E o que Rick fez por seu pai? Não muito exceto salvar sua vida.
Esta história de amor começou em Winchester, nos EUA, há 43 anos quando Rick foi estrangulado pelo cordão umbilical durante o parto, ficando com uma lesão cerebral e incapacitado de controlar os membros do corpo.
-Ele irá vegetar pelo resto da vida - disse o médico para Dick e sua esposa Judy quando Rick tinha nove meses.
- Vocês devem interná-lo em uma instituição.
Mas o casal não acreditou. Eles repararam como os olhos de Rick seguiam os dois pelo quarto. Quando Rick fez 11 anos eles o levaram ao departamento de engenharia da Tufts University e perguntaram se havia algum jeito do garoto se comunicar.
- Jeito nenhum - disseram a Dick - Seu cérebro não tem atividade alguma.
- Conte uma piada para ele - Dick desafiou. Eles contaram e Rick riu. Na verdade tinha muita coisa acontecendo no cérebro de Rick.
Usando um computador adaptado para ele poder controlar o cursor tocando com a cabeça um botão no encosto de sua cadeira, Rick finalmente foi capaz de se comunicar. Primeiras palavras? "Go Bruins!", o grito da torcida dos times da Universidade da Califórnia.
Depois que um estudante ficou paralítico em um acidente e a escola decidiu organizar uma corrida para levantar fundos para ele, Rick digitou: "Papai, quero participar".
Isso mesmo. Como poderia Dick, que se considerava a si mesmo um "leitão", que nunca tinha corrido mais que um quilômetro de cada vez, empurrar seu filho por oito quilômetros? Mesmo assim ele tentou.
- Daquela vez eu fui o inválido - lembra Dick - Fiquei com dores durante duas semanas.
Aquilo mudou a vida de Rick. Ele digitou em seu computador:
- Papai, quando você corria eu me sentia como se não fosse mais portador de deficiências.
O que Rick disse mudou a vida de Dick. Ele ficou obcecado por dar a Rick essa sensação quantas vezes pudesse. Começou a se dedicar tanto para entrar em forma que ele e Rick estavam prontos para tentar a Maratona de Boston em 1979.
- Impossível! - disse um dos organizadores da corrida.
Pai e filho não eram um só corredor e também não se enquadravam na categoria dos corredores em cadeira de rodas. Durante alguns anos Dick e Rick simplesmente entraram na multidão e correram de qualquer jeito. Finalmente encontraram uma forma de entrar oficialmente na corrida: Em 1983 eles correram tanto em outra maratona que seu tempo permitia qualificá-los para participar da maratona de Boston no ano seguinte.
Depois alguém sugeriu que tentassem um Triatlon. Como poderia alguém que nunca soube nadar e não andava de bicicleta desde os seis anos de idade rebocar seu filho de 50 quilos em um triatlon? Mesmo assim Dick tentou.
Hoje ele já participou de 212 triatlons, inclusive quatro cansativos Ironmans de 15 horas no Havaí. Deve ser demais alguém nos seus 25 anos de idade ser ultrapassado por um velho rebocando um adulto em um barquinho, você não acha? Então por que Dick não competia sozinho?
- De jeito nenhum - ele diz. Dick faz isso apenas pela sensação que Rick pode ter e demonstrar com seu grande sorriso enquanto correm, nadam e pedalam juntos.
Este ano, aos 65 e 43 anos de idade respectivamente, Dick e Rick completaram a 24a. Maratona de Boston na posição 5.083 entre mais de 20 mil participantes. Seu melhor tempo? Duas horas e 40 minutos em 1992, apenas 35 minutos mais que o recorde mundial que, caso você não saiba, foi batido por um homem que não empurrava ninguém numa cadeira de rodas enquanto corria.
- Não há dúvida - digita Dick - Meu pai é o Pai do Século.
E Dick também ganhou algo com isso. Há dois anos ele teve um leve ataque cardíaco durante uma corrida. Os médicos descobriram que uma de suas artérias estava 95% entupida. Os médicos disseram que se ele não tivesse se dedicado para entrar em forma é provável que já teria morrido uns 15 anos antes. De certa forma Dick e Rick salvaram a vida um do outro.
Rick, que hoje tem seu próprio apartamento (ele recebe cuidados médicos) e trabalha em Boston, e Dick, que se aposentou do exército e mora em Holland, Massachussets, sempre acham um jeito de ficarem juntos. Eles fazem palestras em todo o país e participam de alguma cansativa corrida nos finais de semana.
No próximo Dia dos Pais Rick irá pagar um jantar para seu pai, mas o que ele deseja mesmo poder fazer é um presente que ninguém poderia comprar.
- Eu gostaria - digita Rick - de um dia poder empurrar meu pai na cadeira pelo menos uma vez.
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