Uma caminhada que
começa nas raízes da infância, onde a persistência, a coragem, a sabedoria e
principalmente o amor me fizeram viver este momento, apesar de todos os
preconceitos, de todos os "nãos". Enfim, de tudo que poderia
atrapalhar e, até mesmo, impedir que esse caminho fosse traçado, e não
aconteceu. Tive amparo, tive amor e tive compreensão.
Se, na escola, não
sabiam como “lidar” com a tal deficiência e se as pessoas diziam que seria
impossível trilhar um caminho diferente do ostracismo, da piedade, da caridade,
em casa eu recebia outros valores e outros tipos de estímulos. O estímulo da
perseverança, da fé, da luta e principalmente a capacidade de driblar os “nãos”
que me eram impostos, cada não, na rua, dentro do meu quarto e da minha casa em
geral, significava um sim, e não era um sim de uma única pessoa, era o sim de
pai, de mãe, que se mantiveram firmes no propósito de me fazer ser alguém e
quebrar o processo histórico de exclusão e do ostracismo de as pessoas com
deficiência me mostraram que eu poderia seguir o caminho que eu quisesse,
porque, se eu tinha um corpo que não me ajudava e que não era aprovado
socialmente, eu tinha, também uma mente e sentimentos que me levariam longe.
Tive minha tia Eliana, que substituiu a função de professoras preconceituosas,
que estavam entranhadas em preconceitos e em estereótipos físicos. Essa tia me
ensinou a ler cada palavra, a escrever cada letra, mesmo com as minhas
limitações, com a minha lentidão motora e com tudo o que parecia dar errado,
foram dias e dias, horas e horas, anos e anos, tempo em que sair com as amigas
pré-adolescentes da escola ficou de lado, tudo em nome de um futuro que não era
para acontecer. Pois é... mas aconteceu!
Eu aprendi a ler,
aprendi a escrever, mais do que isso, aprendi a conviver, a desenvolver a minha
inteligência por meio da minha sensibilidade, da amizade e do empenho de cada
um que passou pela minha vida.
E hoje, 24 anos
depois, eu vejo o tal futuro improvável sendo perfeitamente provável. E, mais
do que isso, eu vejo esse futuro sendo aplaudido. E digo isso com orgulho, sim.
E com muita satisfação, porque esses aplausos são para cada uma das pessoas que
passaram e ainda passam pela minha vida e vai além. É um aplauso muito educado
na cara do preconceito, na cara do que é bem visto, porém que nem sempre deve
ser encarado como correto.
A minha formatura
em jornalismo, que se concretizou com a minha aprovação na defesa do TCC, foi a
coroação dessa quebra de barreiras constantes. Eu sei que não é o fim delas,
muito ao contrário, virão outras, inúmeras e infinitas, mas eu sei, também, que
ainda encontrarei o sim dentro da minha casa, com meus pais e com aquelas
pessoas que verdadeiramente me amam.
Essa apresentação
arrancou aplausos dos meus professores. Esses, sim(em sua maioria), em nenhum
momento demonstraram preconceito. Pena que isso só apareceu no período da
faculdade, e não no do “ensino de raiz”, que é onde se forma um pouco da
cidadania, da tolerância e do conviver com a diferença.
Mas tudo bem, estou
fazendo a minha parte, para que seja diferente para os virão depois de mim,
para que tenham experiências melhores que as minhas, porque agora eu sou
jornalista.
Aprendi os instrumentos da comunicação, para usá-la em favor da
sociedade e é isso que pretendo fazer durante toda a minha vida.
Meu agradecimento a
Deus pela proteção, a todos os que me
apoiaram, a minha mãe, que mais parece uma leoa e que chega até a se tornar
superprotetora na visão de algumas
pessoas. Mas, se a superproteção dela me fez chegar até aqui, quero continuar
sendo superprotegida. Obrigada ao meu pai, que sempre tem ficado na retaguarda,
segurando as pontas e mostrando que é homem de verdade, que sabe compreender as
dificuldades, a ausência da companhia de minha mãe, quando tem que me
acompanhar, sem se voltar a pensamentos machistas, que tantos outros teriam em
seu lugar... Obrigada, por ser nosso (meu e de meus amigos) motorista.
Às minhas avós, que me acompanharam em cada etapa da minha
faculdade, torceram por mim incondicionalmente e foram de fundamental
importância em minha criação.
Aos meus familiares, que contribuíram de modos diferentes
para o que, unidos, resultou em minha
formação.
Aos meus professores, que, além de me ensinar os
instrumentos da comunicação, também me mostraram que ela sempre exige um pouco
de bom humor, tornando, com isso, os momentos em sala de aula agradáveis e
criativos, bordões e lições que ficaram tatuados em minha memória.
À queridona Lêda Márcia Litholdo, que nos orientou no
trabalho de Conclusão de Curso e que, com seu jeito peculiar de ser, nos impÃ?s
toda a disciplina, sem perder a ternura, o bom humor, e conseguiu, também,
manter a sintonia no grupo. Sou sua fã e é uma das referências de profissional
que pretendo ser.
Meu agradecimento, pela receptividade, a todos os funcionários,
em especial à amada Rosangela Franklin; ao querido editor Edvaldo Silva, que
foi tão paciente comigo, na ilha de edição; ao queridão Jorge, que, além de me
ajudar a manusear as câmeras fotográficas da Facopp, estava sempre distribuindo
sorrisos; e ao grande gentleman Gercimar Gomes, que, se não bastasse a função
técnica na rádio Facopp, me ajudou na transcrição das minhas provas de
radiojornalismo.
Aos meus amigos do grupo de TCC, Danilo Magalhães e Maísa
Gomes, que foram os dois primeiros amigos que encontrei no ambiente acadêmico,
que se uniram a mim desde os quiosques do lado de fora da faculdade,
ajudando-me a descer as tantas rampas da Unoeste, até este trabalho final.
Brigamos, mas nunca deixamos de estar juntos, houvesse o problema que fosse, e
que se tornaram membros da minha família.
Ao casal Isaura e prof. Zilvan Vidal por tudo que são e
representam em minha vida e na de minha família.
Agradeço a colaboração dos dirigentes do Rotary Club de
Presidente Prudente- Nascente, em especial à presidente Nilka Costa, à
secretária Ianara Costa, ao Juliano Borges e ao presidente eleito, gestão
2013/2014, por nos darem a oportunidade de divulgar seus projetos e pela
disponibilidade para encarar esse desafio conosco.
Aos profissionais da imprensa, que contribuíram para o
resultado do nosso trabalho, o nosso muito obrigado.
Por último, mas nada menos importante, aos meus amigos da
cultura que encontrei recentemente, em meio a essa jornada, e que me
proporcionaram o que achei que ficaria perdido no tempo dos sonhos, me
aproximaram do universo cultural, que tanto me fascina e me enriquece, mas que,
pelos preconceitos já citados, me impediam de viver isso de forma visceral, do
jeito que eu sempre quis, desde o início da minha vida.
Sei que ficou grande o agradecimento, mas a minha alma
pediu, em nome da emoção do momento e do grande valor que cada citado tem em
minha vida.
Um beijo com afeto no coração de todos!
Jornalista Camila Mancini.