sábado, 24 de setembro de 2011

Preconceito na Paulista

Assisti a um vídeo e fiquei angustiada, ao ver uma pessoa chamando outra de lixo, de macaco.
Postei o vídeo numa de minhas páginas de rede social, acompanhado de um trecho de um texto que eu já havia escrito sobre “O preconceito para com a deficiência física ocorre, porque ela incomoda, é visível, constrange alguns, enquanto o deficiente de espírito, o aleijado moral não tem “defeito aparente”, porquanto se consideram mais valorosos, o que é um grande engano, pois muitas vezes denigrem a espécie humana.
Recebi um comentário, dizendo que o exemplo não foi muito bom, que os policiais eram despreparados e que a senhora aparenta ter problemas físicos, com o que concordo(pois usa um andador) e psíquicos.Comecei a digitar a resposta, e,como sempre escrevo muito, acabou virando um texto.
Se chamar uma pessoa de lixo, de macaco, seja ela deficiente ou não, é normal e pode ser usado como desculpa o desequilíbrio psíquico, está explicado por que a humanidade está no ponto em que está. Sem amor, sem respeito,sem compaixão, sem tolerância. A distinta senhora usou sua condição social mais favorecida, para humilhar e espezinhar um outro ser humano. Se ele estava incomodando, ela que o tratasse como gente e pedisse que a polícia o tirasse de lá. Não estou discutindo o pedido dela, embora ache que isto é um egocentrismo sem tamanho.
Mas a questão em foco é a maneira como essa senhora se referiu a uma pessoa, o que denota  discriminação e preconceito, o que,em qualquer uma de suas esferas, seja ele, racial, físico ou social, é crime. A única maneira de se punir um crime é mandando o infrator pa ra a cadeia, pois esta é a lei e tem que ser cumprida. Os policiais apenas cumpriram sua obrigação. A lei vale para todos, seja pessoa desequilibrada ou não.
O desequilíbrio realmente parece latente na personalidade dela, o que significa que não deve andar sozinha, mas procurar tratamento e que seja medicada da melhor forma, para ter restabelecer sua sanidade. Entretanto isto não é uma responsabilidade da polícia. Percebemos que ela tem a seu favor toda uma condição de tratamento, para controlar os “pitis” e provavelmente amparo da família e advogados, ao contrario da pessoa (o lixo, segundo ela disse) que estava ali, na rua, que se mostrou totalmente sem condições de se defender daquela situação. Além do desequilíbrio, consegui perceber sua soberba, certa de que ela é melhor do que as outras pessoas, independente de seus atos. Que a parte pobre da humanidade, para ela, é descartável, analfabeta, vagabunda, lixo mesmo. Policiais podem ser destratados, como foram por ela? Por mais desequilíbrio que alguém tenha, quando a humildade é visceral em sua personalidade, jamais terá uma atitude como essa.
Você tem razão, talvez meu texto esteja realmente inadequado para com a situação, pois coloquei somente a deficiência no centro da reflexão, enquanto ali se discute o respeito amplo ao verdadeiro, “direitos humanos”. Porém, no meu caso, não dá para deixar de lado o preconceito também pela deficiência, pois é algo intimamente ligado a mim e, acredite, já vi muitas pessoas com deficiência sofrendo situações absurdas por parte de pessoas, como essa senhora um “pouquinho desequilibrada”. Esses deficientes acabam deixando de denunciá-las por medo, insegurança, falta de informação. Também,  por serem tratados como lixos, acabam, realmente,  sentindo-se  como tal. Isso dói em minha alma.
Pode até ter sido sensacionalista, porém a única responsável pela produção do espetáculo foi a distinta senhora, pois a mídia só reporta o que acontece. Sendo mostrado de maneira sensacionalista ou não, o fato aconteceu e tenho certeza de que nada, ali, foi inventado infelizmente.
O que a polícia deveria ter feito? Jogado o "lixo” numa caçamba e pedido perdão à “senhora desequilibrada”?
Esse “lixo” poderia ser alguém próximo de mim, de você.
Também acredito que não seja só o governo o responsável por seres, como aquele senhor, estarem jogados na rua "incomodando” as pessoas. Eu, como deficiente física, sei das consequências de cada palavra ouvida, de cada olhar de desprezo, de cada atitude de pessoas como a dessa senhora, mostrando que nos acham seres insignificantes e um erro da natureza ou, segundo ela, lixos. Imagine sendo pobre e deficiente!
Nem todos têm a sorte de ter uma família estruturada emocionalmente, para ajudá-los a superar situações como essas.
Prisão de pessoas como essa senhora já é uma perspectiva de mudança.

Um comentário:

  1. Oi Camila... é Douglas Belchior, da UNEafro, quem escreve. Estive com vcs em Presidente prudente. Parabéns pelo seu trabalho menina! Vc é um exemplo e tanto de superação e de compromisso com um mundo melhor para todos. Parabéns!!! e Dê um bj na mamãe!

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