terça-feira, 22 de junho de 2010

Caravana da Inclusão

Estamos vivendo, talvez, o melhor instante do movimento de inclusão das pessoas com deficiência em todos os sentidos.
No ultimo dia 12 de junho, contamos, aqui, em nossa cidade de Presidente Prudente-SP, no Centro Cultural Matarazzo, com a “Caravana da Inclusão, Acessibilidade e Cidadania”, idealizada pela secretária, doutora em fisiatria, Linamara Rizzo Batistella - Secretaria de Estado dos Direitos da Pessoa com Deficiência e da Uvesp – União dos vereadores do Estado de São Paulo - e conta com o apoio dos poderes municipais.
O prefeito Tupã pediu o apoio das autoridades presentes, para que as ações governamentais em favor do município sejam uma realidade, a fim de que possa ampliar o atendimento às pessoas com deficiência. A intenção é derrubar as barreiras e o preconceito contra os mesmos.
O vereador Douglas Kato (PV), que é cadeirante, entende, muito melhor, a necessidade e a urgência da aplicação da lei da acessibilidade. Por esta razão, vem trabalhando muito, para que essa prática seja aplicada, e acredita que esse evento, além da troca de experiência entre os presentes e novos contatos, vem fortalecer o trabalho da inclusão dentro do município.
Num bate-papo informal, no final do evento, com Luis Mário – diretor da Uvesp - , fiquei entusiasmada com a motivação que me passou diante de tal trabalho, dizendo que o momento é de união de todos e que devemos formar uma corrente em busca de um objetivo concreto, sempre tendo, em mente, que as leis existem e estão aí para ser cumpridas. E que este é um papel de todos, deficientes ou não, pois se trata de uma batalha em busca da cidadania e do exercício de nossos direitos e deveres com plenitude e igualdade
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Douglas Kato(vereador de Pres. Prudente)
Luis Mário (Diretor Uvesp)

Psiu(vereador de Stª Cruz do Rio Pardo e atleta) e Ronilson(vereador de Teodoro Sampaio e diretor da Uvesp)

A próxima caravana acontecerá em Santos-SP.
Data: 26 de Junho - Sábado
Local da Caravana: UNIP
Endereço: Avenida Rangel Pestana nº147 (próximo ao CET) – Vila Mathias
Horário: 9h
Inscrições no local, gratuitamente, para toda a população
Mais informações, favor entrar em contato com a assessoria de comunicação da UVESP, pelos telefones (11) 3884.6746 / 3884.6661 ou pelo site www.uvesp.com.br ou ainda pelo hotsite http://www.caravana.campanhadigital.net.br/

terça-feira, 1 de junho de 2010

O exercício da maior de todas as artes!

Recebi um e-mail estranho, preconceituoso. Infelizmente, a pessoa não se apresentou de forma a conversarmos em tempo real.Tenho uma página em um site de relacionamento (Orkut), onde falo um pouco de mim.
Mas a pessoa ficou muito incomodada, dizendo-me que não cito que sou “portadora de deficiência”, para, em seguida, indagar-me se me envergonho disto.
Estranhei, muito, tal incômodo e má informação da parte dela, pois escrevo textos que são divulgados, falando só deste universo. Acho que ela não deve ter pesquisado a respeito.
Pois bem, não sou “portadora de deficiência”. Se fosse, certamente não a portaria mais, deixá-la-ia em casa e a esqueceria num canto qualquer.
Portadora sou do meu RG, CPF, enfim...
Sou uma pessoa com sonhos e planos. Tenho uma deficiência física, causada pela paralisia cerebral, que afetou minha coordenação motora, necessito de auxílio para algumas atividades físicas e, há dois anos e meio, tornei-me cadeirante.
Sou universitária, curso comunicação social. Para chegar até aqui, foram anos de muita luta, renúncias, privações. Amadureci mais cedo que as outras crianças e adolescentes, porque minha realidade era outra, era de compromissos nada convencionais para uma pessoa daquela idade. Acordava logo de manhãzinha, já com uma fisioterapeuta em casa, para fazer exercícios físicos. No período da tarde, uma terapeuta ocupacional e, duas horas depois, outra fisioterapeuta. Durante tres vezes na semana, natação e equoterapia. E, aos cinco anos de idade já incluía sessões de psicomotricidade (que foi o que possibilitou minha escrita, ainda que devagar, e a melhora em meus movimentos finos). Muitas viagens para consultas com profissionais reconhecidos internacionalmente, em instituições de reabilitação... incluindo uma cirurgia de alongamento dos tendões o que me obrigou a ficar com gesso dos pés até as coxas e uma trava entre os tornozelos, durante seis meses.
Ainda aos cinco anos, já conheci o preconceito e a rejeição em algumas situações, como escola (como pode perceber, não me destruiu).
Na fase da adolescência, comecei a cursar inglês, técnica vocal, teclado e Kumon. Mas tive que fazer a escolha, pois meu tempo não me permitia realizar todas essas atividades, porque meus tratamentos eram prioridade, prevalecia o que era melhor para minha condição física. Tudo foi feito no momento em que eu precisava. Desse modo, se tenho meus movimentos - ainda que limitados - e se não tenho uma deformidade maior, é devido a esse esforço e, claro, amor, dedicação e união incondicional da minha família, porque isto tudo custou dinheiro, meus pais investiram em mim em todas as circunstâncias, renunciaram a muitas coisas também. Mas sei que, um dia, serão recompensados, porque foi Deus quem os orientou, abençoou e direcionou para este caminho.
Por meio deste site de relacionamento e publicação dos meus textos, conheci muitas pessoas com deficiência; muitas não tiveram a mesma sorte que eu em alguns aspectos, alguns por morarem distante, sem os mesmos recursos.
Entretanto, em longas conversas, acabei ajudando-as, de alguma forma, a mudarem a visão que tinham, de modo que acabaram estimuladas a mudanças...
Então, a resposta para sua pergunta é: não me envergonho do que sou, não me aprisiono à minha deficiência, não canalizo meus pensamentos em meus limites, afinal o pensamento liberta o corpo!
Mas saiba que minha deficiência me proporcionou uma lição: a descoberta do imenso potencial humano, da valentia e do destemor, com que devemos manter a luz acesa, o espírito aberto e criativo, bem como o exercício da maior de todas as artes, que consiste em viver com dignidade!
Se, naquela apresentação, não comentei sobre isto, foi porque não sou a deficiência, sou Camila Mancini.