sexta-feira, 17 de junho de 2011

Vale quanto pesa?


Após três anos usando cadeira de rodas, depois de um mês de treinamento no Centro Internacional de Reabilitação Sarah Kubitschek, houve a necessidade de troca da cadeira.
Até então,tocar (empurrar) a cadeira era uma árdua tarefa para meus braçinhos tão femininos e “fracolinos”, acompanhados da minha notável falta de habilidade na coordenação motora. Nos treinamentos, saí-me bem. Então resolvi pôr em prática as orientações, adaptações em casa e afins, inclusive a nova cadeira, com material mais leve, para eu, finalmente, alcançar meu principal objetivo, que é ir e vir, sem precisar de auxílio. Direito básico, não?
É necessário entender, porém, que, para nós, a compra de uma cadeira de rodas não é simplesmente olhar para ela, gostar dela e levá-la. Com efeito, cada pessoa  tem tamanho  e peso diferentes, razão por que as medidas são específicas e adequadas a cada um. Não podemos nem devemos adquirir uma cadeira fabricada em séries, pois isso pode causar graves lesões posturais e até piorar o quadro da pessoa com deficiência. Como muitos pensam, não é porque somos deficientes que somos feitos em uma única forma. O ato de comprarmos uma cadeira é como o de comprarmos uma roupa, tem que estar ajustada ao nosso corpo e nos cair bem.
 Ao começar a pesquisa de modelos e preços, cheguei à conclusão de que as fábricas nacionais estão anos luz a oferecer-nos a qualidade tecnológica ,  conforto, segurança e principalmente o que eu estava procurando, que era uma cadeira mais leve. Essas qualidades encontrei somente nas cadeiras importadas.
Enquanto a minha pesa 13 quilos, as que estou olhando pesam de 5 a 6 quilos, sem falar no sonho de consumo de qualquer cadeirante, que é a Panthera, fabricada na Suécia, que pesa 2 quilos, com dinâmica perfeita, produzida com fibra de carbono.
É aí que a realidade do bolso de nós brasileirinhos cadeirantinhos pesa mais que o sonho do conforto e da independência, pois esse sonho custa a bagatela de R$16.000,00.
 Constatando essa realidade que, por hora, me impede de adquirir essa possibilidade de facilitar, um pouco mais, minha vida, vem a pergunta: Por que o governo ainda não reduziu ou isentou os impostos sobre equipamentos que são de essencial importância  para melhorar a qualidade de vida daqueles que travam uma luta diária, no simples ato de sair de casa, pela falta de acessibilidade, pelo descaso de anos, pela exclusão que ainda vige em muitos aspectos?
Seria uma maneira justa de demonstrarem que absorveram realmente  um dos princípios básicos para uma verdadeira inclusão o de que  somos consumidores como qualquer outra pessoa, também contribuímos com o crescimento da economia desse país e, por isso precisamos ter nossos direitos básicos de cidadãos respeitados e a garantia de acesso a esses equipamentos e a tudo que nos torne parte presente e atuante na sociedade, sem sermos explorados. Então vamos lá,lutar por mais essa mudança.

2 comentários:

  1. "Não há país sem cidadãos

    Escola sem alunos

    Inclusão sem participação

    Inclusão é ir além do medo

    È multiplicar sonhos"
    E como voce mesma disse :

    "Sou um ser em metamorfose, que dá asas à imaginação, que me deixam por longos momentos em ausência do mundo; crio, fantasio, produzo, dirijo, acendendo as luzes do palco e entro em cena"
    Entao Mila Crie,fantasie,produza,dirija...Multiplique seus sonhos..
    Voce tem um potencial magnífico ..um brilho, uma luz dentro de voce que cada dia tende a brilhar mais

    "Um dia quando olhares para trás ,verás que os dias mais belos foram aqueles em que lutaste"

    Entao Mila NUNCA desista dos seus sonhos ..nao desista da sua faculdade ..dos seus amigos ..de Voce..e que bom ..que bom que voce existe

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  2. Eu fico com muita raiva Cáh de ver certas coisas, tipo gente por aí conseguindo cadeiras boas de institutos, porque tem facilidade e influencia no acesso a esses lugares. Não digo nem por vc,que ainda pode comprar essa e futuramente terá as importadas de tudo que é cor, se Deus quiser mas tem aquele povo que usa cadeira de lona, remendada, velha e não tem como chegar num lugar desse. Cade os politicos que vivem dizendo que trabalham para a causa?
    Que raiva viu

    Beijo amada

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