domingo, 12 de agosto de 2012

Referência masculina

Ética, humildade, fidelidade, lealdade, honradez, retidão de caráter!
Foi a herança que meu avô deixou para seus filhos.
Quero falar um pouco desse fruto deixado por ele. Marcelo Mancini, meu pai, que soube dar continuidade ao amor que recebeu.
Um menino, que a vida transformou num homem carinhoso, honrado, que, assim como meu avô, é exemplo e referência para minha vida.
Casou-se aos 22 anos. Quatro anos depois, planejaram meu nascimento, idealizaram uma vida perfeita e agradável para mim. Os nove meses de espera não foram fáceis, foram de superação, tantas coisas aconteceram, sem que por elas eles ao menos imaginassem que poderiam passar. A contaminação da minha mãe com irradiação, logo após engravidar, os exames quinzenais que faziam, para acompanhar minha formação. Mas ele sempre firme em meio a essa turbulência. A emoção dele, descrita por minha mãe, ao saber que teriam uma menininha, foi emocionante e inesquecível.
Após meu nascimento, aconteceu toda a história que todos que me conhecem sabem. E ele, sempre acompanhando tudo, participando, efetivamente, da minha rotina, que não foi simples. Os desafios foram muitos. Derramou muitas lágrimas com minha mãe, comigo, mas também se mostrou forte e determinado, sempre que fez necessário.
Vibrava e comemorava, em cada movimento que eu conquistava. Lembro-me de quando consegui beber água  num copo descartável, sem amassá-lo. Quando consegui apertar o interruptor, para ligar a luz, ele fez festa, chamou nossa família e uns vizinhos (Neusa, Palmirinho e Iara), que torciam muito por mim, comemoraram como se fosse minha formatura na universidade. Lembro-me, também, de quando concorri, num evento da escola, na quarta série, como Rainha da Primavera ( a vencedora seria a que mais vendesse votos, para arrecadar dinheiro para a construção da cobertura da quadra) e uma professora, de outra série, disse a todos que estava pasma, por querer saber como uma “aleijada” iria desfilar, caso ganhasse. Ele e minha mãe disseram-me:”Deixe, Camila, vamos mostrar a ela como uma “aleijada” vence e desfila com dignidade e charme”. Venderam muitos e muitos votos. Venci. E, no dia do desfile, ele comprou um vestido de “rainha” para mim e disse-me: “Va lá e mostre como se vencem desafios, obstáculos e que a deficiência não a impede de exercer seu direito de participar da vida em tudo que você desejar”. Ao final, aquela professora me abraçou, chorou muito e pediu-me desculpa à frente de todos.
Mas o importante foi a confiança que meu pai me fez sentir, não foi por ganhar, foi por me fazer enxergar que não deveria deixar os tratamentos preconceituosos serem maiores que minhas tentativas de encarar o desafio, que nem sempre ganhamos, mas que enfrentar é o mais importante.
Companheiro inseparável e apaixonado por minha mãe, com uma particularidade que muito vale compartilhar, que acho lindo e admiro demais, são casados há 27 anos.Até hoje, faz o café e leva uma xícara, na cama, para minha mãe (ela não começa o dia sem sua xicarazinha de café).
Nos dias em que estou triste, ele faz brigadeiro, para me agradar(está certo que às vezes ele os queima, he he), mas a intenção e o carinho é que enobrecem essa convivência.
Os momentos de muitas experiências, afeto, carinho, bronca, correção, cobranças - até castigo me deu -, palhaçadas, alegria, fé e conquistas, totalizaram esses anos todos para o meu crescimento.
Agradeço-lhe por tudo, pela referência de Homem que é o Sr. Marcelo Mancini.
Um beijo recheado de carinho a você, meu pai.
Feliz Dia a todos os pais!